Correndo na... Ilha

Então resolvi falar um pouco mais sobre esses exercícios e se é possível melhorar realmente o desempenho com ele, como perguntou o amigo Tadeu.

MAS O QUE SÃO EXERCÍCIOS EDUCATIVOS?

São exercícios desenvolvidos para melhorar a coordenação muscular e a postura de uma certa atividade física tornando-a dessa forma mais eficiente e, consequentemente, mais econômica. Mas o que significa ser mais economico?

Significa que o nosso corpo precisa gastar uma quantidade menor de energia para desenvolver duas atividades semelhantes. A grosso modo, se compararmos com um carro, é o mesmo que gastar menos combustível para andar uma mesma quilometragem a uma mesma velocidade!

E o pode influenciar um corredor de distâncias mais longas? Bem, basicamente três processos fisiológicos:

1. Capacidade VO2 máx – é geneticamente determinada e pode ser melhorada após anos e anos de treino sistemático
2. Capacidade de usar altas porcentagens do nosso VO2 máx durante a atividade prolongada, mantendo um pace adequado – também tem um componente genético importante e também muito influenciado pelo tempo e treinos adequados
3. Capacidade de se manter no pace usando a menor quantidade de oxigênio necessário para o corpo, ou seja quanto mais econômico, mais eficiente – esta é mais influenciada por fatores externos  como treinos, condições de treinamento, BIOMECÂNICA DA CORRIDA, dentre vários outros fatores.

E os exercícios educativos melhoram justamente essa mecânica corporal (biomecânica). Fazendo um raciocínio lógico e retilíneo, se melhor economia é igual a melhor mecânica, e para desenvolver a melhora mecânica os educativos estão aí; e, se melhor economia é igual a melhora de tempo, SIM, os educativos podem levar a uma melhora do desempenho. Mas nem tudo é tão simples assim.

Quando aprendemos a dar nossos primeiros passos, uma série de fatores está presente, dentre eles a amadurecimento do nosso sistema nervoso (e o não amadurecimento também!), as estruturas osteoarticulares e ostemusculares e suas relações, além do ambiente em que vivemos. Com todos esses fatores e alguns outros, cada indivíduo “aprende” a andar e a correr de forma singular e única. Aprendemos a caminhar e a correr da forma mais econômica possível para o nosso corpo.

Com o passar dos anos vamos alterando as formas como andamos e corremos de acordo com nosso estilo de vida: adquirimos vícios posturais importantes (o jeito que sentamos, deitamos, o sedentarismo) levando a atrofia de certos músculos, encurtamento de outros. Tudo isso influencia negativamente a mecânica corporal. E quando começamos uma certa atividade física, começamos de fato realizando a mesma da forma mais econômica que o nosso corpo encontra. Então quer dizer que eu não corro de forma errada?

Inicialmente não! O corpo está fazendo o melhor para você NAQUELE momento. Só que, com o passar do tempo e da evolução da atividade, consequentemente melhoramos o fortalecimento de determinado músculo que antes era mais fraco, melhoramos a capacidade de alongamento de outra musculatura, as articulações já possuem uma amplitude de movimento diferenciada… ou seja, há uma necessidade de readaptação do movimento que fazemos. Temos que reeducar o nosso corpo a executar um movimento mais adequado a nova realidade estabelecida. E como fazemos isso?

Bem, a resposta já é conhecida: um dos meios é através dos exercícios educativos. Mas o ganho é imediato? Não, muito pelo contrário! Inicialmente há até uma perda da nossa capacidade. Corremos com uma eficiência muito menor. Mas por que disso? Justamente porque o nosso corpo estava adaptado, acostumado com uma situação biomecânica diferente e agora precisa se readaptar a uma nova situação, a um novo tipo de movimento. E quanto tempo eu fico com essa perda?

Bem, isso varia para cada indivíduo, mas o certo é que, com o passar do tempo, e com treino e repetições, treino e repetições, treino e repetições, treino e repetições (acho que vocês entenderam!!) conseguimos melhorar nossa biomecânica e nossa economia.

QUAIS SÃO OS EXERCÍCIOS EDUCATIVOS? QUANDO FAZER? QUANTO TEMPO?

Há uma série enorme de exercícios, e tudo depende da capacidade imaginativa da pessoa que se propõe a desenvolve-los (técnicos, professores de educação física, fisioterapeutas, etc.). Pesquisando porém, posso citar alguns dos mais utilizados:

1- Skiping alto: elevação alternada dos joelhos até a altura do abdômen, correndo no lugar.
2- Skiping baixo: elevação alternada dos joelhos até a altura dos quadris, correndo no lugar.
3- Anfersen: Correr no lugar ou em locomoção tocando os calcanhares nos glúteos.
4- Haupserlaüfen: corrida alternando saltos com elevação dos joelhos e o conseqüente trabalho de braços.
5- Dribling: corrida rapidíssima no lugar elevando minimamente os pés com trabalho de braços rápido e veloz.

Geralmente são necessários não mais do que 15 minutos uma a duas vezes por semana para sua realização,  devendo-se repetir de 2 a 5 vezes cada exercício por cerca de 20 a 30 metros.  Pessoalmente, recomendo não fazer mais do que 5 exercícios diferentes por sessão. Devem ser incluídos durante todas as fases do treinamento!

EXEMPLOS

Para simplificar, coloco aqui um vídeo com um desses exercícios que podem ser vistos no youtube no canal da Acessoria Esportiva MPR

E no site da Revitas Runner’s, no canto superior direito tem também um vídeo com os exercícios educativos do técnico de corrida Nelson Evêncio.

Espero ter respondido ao jovem Tadeu sobre os exercícios educativos. Quanto a outra parte da pergunta, se ele consegue correr em 50 minutos 10 k com 51 anos… tenho certeza!! É só se dedicar e treinar bastante. Porque o que tem de nego com mais de 60 anos que chega na minha frente nas corridas… não é brincadeira!

E aí? Gosta ou não dos educativos? Deixe o seu comentário e dúvidas a respeito.

Abraços.